7 de março de 2011

DEITEI OS MEUS AMORES EM BANHO-MARIA

deitei os meus amores em banho-maria
em fogo brando
sem sal e sem gordura
isentos de açúcar
(insossos e inodoros)
de paladar macio
que é para o meu coração
 – esta coisa belicosa que me pinica o peito –
não sofrer hipertensão
no sangue que bombeia
Rembrandt, A lição de anatomia do Dr. Tulp, 1632,
Mauritshuis, Haia.
nem esclerosar os vasos
por onde a dor escorre



M

2 comentários:

  1. Entendo que tem horas que é preciso dar um tempo, fazer um dieta básica mas é só para novamente se entregar aos excessos do amor, mesmo porque "amor é fogo que arde sem se ver/É ferida que dói e não se sente/É contentamento descontente/É dor que desatina sem doer".

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  2. Não fosse o grande Camões a explicar todas essas dores, não é mesmo, Paulo Laurindo?

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