16 de fevereiro de 2018

VIAGEM

Vou apontar meu barco para o ontem
Guiar meu leme em direção ao nascente
Lá onde num passado distante
O sol nascia brando sobre a terra
E as noites se enchiam de vaga-lumes estroboscópicos.
Vou encontrar os meus parceiros de outrora
Trocar dedos de prosa
Beber doses de pinga
Com tira-gosto de torresmo e saudade.
Vou encher meu tempo com o nada
E olhar as pessoas sobre as calçadas
Conversando sobre o onde o como e o porquê.
Vou assestar meu rifle contra os corações desavisados
E enchê-los com flores sempre-vivas
As mesmas flores simples que enfeitavam os caminhos
Por onde andava em menino
E vou dizer a todos que o tempo urge
O vento range as portas do nosso passado imortal
Construído sobre esta memória que não se cansa de lembrar.

Barco na Enseada de São Francisco, Niterói-RJ (foto do autor).