Vou apontar meu barco para o
ontem
Guiar meu leme em direção ao nascente
Lá onde num passado distante
O sol nascia brando sobre a
terra
E as noites se enchiam de
vaga-lumes estroboscópicos.
Vou encontrar os meus
parceiros de outrora
Trocar dedos de prosa
Beber doses de pinga
Com tira-gosto de torresmo e
saudade.
Vou encher meu tempo com o
nada
E olhar as pessoas sobre as
calçadas
Conversando sobre o onde o
como e o porquê.
Vou assestar meu rifle
contra os corações desavisados
E enchê-los com flores sempre-vivas
As mesmas flores simples que
enfeitavam os caminhos
Por onde andava em menino
E vou dizer a todos que o
tempo urge
O vento range as portas do
nosso passado imortal
Construído sobre esta
memória que não se cansa de lembrar.
Barco na Enseada de São Francisco, Niterói-RJ (foto do autor). |