e atinge os móveis os lustres
e demais apetrechos domésticos
na casa semivazia.
a gota de azeite contém a lágrima da cebola cortada
e o paladar azedo do vinagre.
na sala suja os móveis revirados
as peças de porcelana na janela angustiada
as roupas encardidas.
diante dos espelhos as velhas faces enrugadas
lamentam os dias findos e os amores inconclusos
– farelos de casca de pão pela mesa das lembranças.
por detrás da persiana do quarto
alguns soluços e insônia
quando muito pesadelos.
nem mesmo a noite vem pressurosa
com seus presságios ou segredos.
a se concretizar
apenas o catarro amarelado
no fundo do urinol de ágate.
Uma belíssima ode à solidão. Tristemente belo.
ResponderExcluirBela forma de exorcizar os trastes que nos entulham.
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