27 de julho de 2011

DESCULPE, CARLOS!

o tempo presente e os homens presentes
não serão minha matéria
gosto muito é de sentir o corpo maneiro
no aconchego gostoso de um outro corpo
de femininos toques e trejeitos
por isso minha matéria é o erótico
sabor do corpo alheio
esse corpo das mulheres perfumadas
incitações dos meus desejos
que perambulam sensuais sobre as calçadas

a mulher e o seu jeito de mulher
com o seu corpo os seus sonhos e anseios
serão minha matéria
matéria que é matéria – tátil e presa
não essa coisa meio avessa ao sensível
a que chamam vagamente de espírito
mas o corpo
esse espaço multicor do ser humano
a essência vital da existência
esse saboroso e confortável corpo
capaz de elidir a própria poesia
capaz de suplantar a própria ausência

E. Manet, Olympia (1823), Museu D'Orsay.

2 comentários:

  1. O Mestre acordou erótico hoje, belo poema, talvez para esquecer que tem Botafogo para nos atazanar logo mais.

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  2. Hoje a gente pode observar, através de escritos e depoimentos, que muitos de nós que aderiram à causa revolucionária, nos idos dos 60, o fez por obra e graça de uns doces braços.

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