à beira mar encontram-se os amores prometidos
em suas areias se deitam
em suas águas se abraçam
daqui do décimo terceiro andar
apenas escuto o barulho das ondas incessantes
e desconheço por completo
as promessas que se fazem
e os carinhos que se trocam
XII
fez-se portugal ao mar
num arroubo de aventura.
meu coração
que de lusitano tem somente as dores e a saudade
apenas geme
por não poder navegar
as ondas salgadas que vertem dos olhos verdes
da menina vestida de solidão.
XIII
toda maravilha e grandiosidade do oceano
morrem apequenadas
entre as palafitas da favela miserável
que mal se sustenta de pé
à beirinha da maré
XIV
fraga e bruma debruçam-se sobre as ondas
e a barra da baía é somente uma certeza
de chegar e sair
sua visão está tomada pelas nuvens baixas
apenas as gaivotas percebem que a chuva vem
e umedecerá as ressecadas águas da guanabara
Foto por Suely Capovilla em flicker.com/photos/suelycapovilla. |
Colírios, colírios para os meus olhos cansados de fuligem e saudosos de beleza, beleza lúcida, compassiva e solidária.
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