olho para trás e vejo um vácuo enevoado.
atrás de mim não ficaram passos nem marcas de trilhas percorridas.
em vão retornarei com minhas memórias por esses caminhos inexistentes
onde não se acharão pedaços restos caídos à passagem.
olho para trás e não vejo o ontem o anterior.
barra-me a visão esta parede negra do presente
este muro de concreto e compromissos irreversíveis inadiáveis.
olho para trás e não pressinto sinais que me possam iludir
que houve um tempo – in illo tempore – ou façanhas – res gestae –
que houve um movimento brusco de um coração iludido.
o tempo consumiu-se nos calendários eternos
e a luz das imagens dissipou-se nos álbuns de fotografias indeléveis.
do ponto onde estou
olho para diante e vejo um vazio obscuro.
definitivamente estou preso ao tempo presente.
Jules Breton (séc. XIX), Fogueira de São João, Museu d'Orsay. |
Meu bom Saint-Clair, penso que chega uma hora em que torna-se imprescindível inventarmos doroteias e dois ou três moinhos de ventos para recuperarmos a centelha da nossa adormecida volúpia.
ResponderExcluirOlha,não é muito raro na vida me enxergar inteira dentro de palavras alheias,mas,essas,em particular,foram como uma imagem no espelho..
ResponderExcluirFascinante viagem ao presente.
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