7 de agosto de 2011

POEMAS BREVES III

I. POEMINHA DISPENSÁVEL

não há caneta nem papel nem flores
tudo é lixo cinza e sofrimento
mesmo assim há um poema torto
que teima em se insinuar
e por detrás de cada pensamento
as palavras vão tomando seu lugar


II.

pois é
o dia terminou e ninguém ficou sabendo
que o transcendente
– este que está além daqui além de nós –
vende bugigangas numa banca de camelô
na esquina de quitanda com sete de setembro
e nós permanecemos por aí perdidos...


III. FILHA/FILHO

filha
assim assado vou te amando
sem recato sem cuidado.

filho
pereré-pão-duro sigo o rumo
atrás de ti. e vou seguro.


IV. PEQUENA CANÇÃO CONTEMPLATIVA

sobre a colina devastada
antes bela
olho o horizonte apocalíptico
e vejo o nada
meus olhos passeiam em vão no vácuo
que não ocupa o coração
dos mortos
Nilocas-Antoine Taunay, Vista do Rio de Janeiro, séc. XIX.

Nenhum comentário:

Postar um comentário