Nos bons tempos, comprou um carro para pegar mulher. Como se fosse caça. Primeira carona para colega de faculdade. Levou até a casa dela, conheceu-lhe os pais, os irmãos. Garota ótima, recatada, uma mimosura de pessoa. Acabou casando. Não comeu ninguém.
Os dois, advogados com escritório. Ela, também professora, apaixonou-se por um aluno, metade de sua idade, a quem mimoseava com presentinhos daqui e dali e com o corpo. Um dia, comprou uma Caloi Dez no cartão de crédito dos dois, para o garoto. Ele descobriu tudo. Levou-a até a casa dos pais, já grávida de tantos meses do menino, me enganei, uma devassa. Ainda bem que não lhe dera filhos, só chifres.
Desgostoso por um bom tempo. Logo ela, tão recatada, menina de família, virgem até a lua de mel.
Trocou de carro para pegar mulher. Até hoje seu desespero, sua fixação. Só consegue garotinha nova, virgem, recatada. Mulher mesmo, que vai para cama e faz carinho, e diz coisas, e se deixa apaixonar, só piranha vagabunda. Maldição! A última namorada, então, um desespero: dezesseis anos, quase meio metro maior que ele já quarentão, só quer saber de discoteca, pipoca doce, sorvete de morango, maçã do amor e parque de diversões. Ele continua lá dando seus arrochos inocentes, sabendo que tudo não passa de um sem jeito danado para com mulheres.
Enfim, essa a sua sina. Oh, dor! Ainda bem que tem um carro novo para pegar mulher.
Ilustração de Alex Koti, em alexkoti.com. |
Esse não aprendeu que amor precisa ser inventado pela manhã e reinventado à noite, perdeu tempo com muletas.
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