22 de agosto de 2011

EMPAPADO NA POÇA DO BAR

De frouxo para baixo, fez a festa em cima do Florêncio. Ofendeu tanto o baixinho, que foi admoestado pelos amigos do bar. Não se faz uma coisa dessas nem com cachorro, Pimentel, quanto mais com gente! E, depois, esse baixinho é vingativo, é carne de cobra, quizilento feito malária! Nada, gente, é um frouxo mesmo! Disse isso e diria outra vez.

O baixinho Florêncio distante, humilhado pela massa física do Pimentel, toda a vergonha do mundo sobre sua cabeça. Simplesmente por ter mandado bilhete de amor para a irmã do Pimentel, a Zoraide. Será praga de baixinho ter de aturar desaforo de touro de raça, de boi de coice? Além de não ter conseguido a Zoraide, a desmoralização total! Ainda soube depois que ela mesma rira de toda a história. E, orgulhosa dos músculos do irmão: Vê se vou dar bola pra tampinha?

Florêncio murchou por muitos dias. Andou, mesmo, escondido em casa. Estava sem coragem para encarar os colegas de bar.

Dias de cerveja choca e ressaca moral.

Imagem em
soldamaq.com.br.
No bar, a ausência de Florêncio e o reinado soberano do Pimentel. Até que.

Os copos cheios, os colegas conversando descontraidamente, Florêncio entra, a cara fechada de acompanhar enterro. Boa tarde, turma! O Pimentel, sorriso zombeteiro, a resposta mais escandalosa: Boa tarde, frouxo! E mais não disse, porque por sua boca saiu apenas um jato grosso de sangue, o coração trespassado por uma potente faca de açougueiro, o peito aberto de novilho gordo, o corpo empapado numa poça de sangue no chão do bar.

Um comentário:

  1. O baixinho até que é ponderado, deu uma segunda chance mas, o Pimentel, tolo de sobra, brincou com a sorte: é a sina dos que se acreditam eternamente impunes.

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