2 de agosto de 2011

FUTEBOL FEMININO: ALGUMAS PROPOSTAS

Aproveitando o campeonato mundial de futebol feminino, realizado há pouco na Alemanha, venho propor algumas alterações, ou antes, adaptações da nomenclatura e de alguns acessórios utilizados no rude esporte bretão, para o uso das meninas.
Vamos a algumas.
AMAMENTAR A BOLA: Esta expressão substituirá a correspondente matar no peito, que fica exclusiva do jogo entre marmanjos. A mulher futebolista, na sua dupla condição de mãe e jogadora, jamais pensaria em matar o objeto de seu amor. Por isso, quando uma donzela receber passe de bola com utilização do tronco, deve-se usar a expressão amamentar a bola, mais apropriada.
ANTESSALA DO GINECOLOGISTA: A expressão zona do agrião, criada pelo inesquecível João Saldanha, está totalmente em desacordo com o futebol feminino, porque parecerá remeter à cozinha (De agrião para arroz com feijão, bife, batata frita e fogão é rápido!), coisa, aliás, politicamente incorreta. A expressão que se propõe é mais adequada: antessala do ginecologista, que tem relação de sentido apropriada à fêmea.
DRIBLE DO BOI: É o equivalente feminino do drible da vaca entre os homens, expressão que não dever ser usada por motivos óbvios: é politicamente incorreto e, quiçá, ofensivo chamar a jogadora de vaca, seja ela a que dá o drible ou a que o sofre humilhantemente e fica pastando no gramado feito uma.
RISCAR A PASSARELA: Esta expressão será usada em substituição a penetrar (n)a área e é tomada de empréstimo à linguagem das editoras de moda da SPFW e Fashion Rio. Pelo menos, até o momento, malgrado toda a liberal legislação moderna, mulher não penetra nada. Aliás, é justamente o contrário. Desde que, ressalve-se, não compre gadgets em lojas de produtos eróticos, para usá-los com coleguinhas. Os narradores mais sofisticados e antenados poderão usar a expressão equivalente: riscar a catwalk.
TPM: É a antiga e estressante penalidade máxima, momento de maior tensão sofrida por um jogador – no caso do futebol feminino, jogadora – durante a partida, em que se exigem todas as atenções para a cobradora e a goleira, que podem chegar a um ataque de nervos naquele delicado momento.
ALCOVITAR A LATERAL: Como se trata de jogo entre mulheres, uma não cobre a outra que sai da sua posição, como no jogo de machos (aqui não considerados certos jogadores, ainda que politicamente corretos). Antes, a alcovita. Por isso a proposta para a expressão substituta de cobrir a lateral é alcovitar a lateral, ou qualquer outra posição no esquema tático de jogo.
CARTÃO VIOLETA: Aqui se trata pura e simplesmente da substituição do cartão vermelho dos jogos dos bichos soltos – esses homens viris e másculos (feitas as ressalvas de praxe, para não ferir a atual legislação específica) – para o cartão de cor violeta, a fim de que não se insinue nada acerca daqueles tais três dias mensais pelos quais passam nossas meigas e suaves jogadoras.
DAR UMA SOMBRINHA: Não se usará, no jogo feminino, a expressão dar um chapéu, ainda que mulheres elegantes usem chapéus. Porém seu uso pode ser confundido com o do futebol dos rapazes. Assim é de bom alvitre que se mude a expressão para dar uma sombrinha. Para jogadoras árabes, propõe-se: dar um xador ou dar uma burca.
HIDROMASSAGEM: Corresponde à expressão máscula banheira, já de muito gasta pelo uso e de bem menos recursos tecnológicos e, portanto, incapaz de satisfazer as necessidades e as vaidades femininas. Assim a posição de impedimento, quando ocorrer, será anunciada a plenos pulmões pelos locutores: Hidormassaaaaaagem!
Liteira (museudoscoches.pt).
LITEIRA: A velha e sebenta maca de lona em cor escura, que serve para fazer o frete de jogadores contundidos durante as partidas, será substituída por liteiras de fino acabamento e pintadas em vivas cores femininas. Assim, o traslado das damas acometidas por escoriações leves ou graves se fará neste romântico meio de transporte. E todo o estádio aplaudirá a saída triunfal da jogadora.
DUPLA DE ZAGA CONFORME A LESGISLAÇÃO: A antiga e máscula dupla de zaga – tipo Moisés e Abel –, que era identificada pela expressão dupla de zaga viril, não pode servir de modelo para o equivalente no futebol feminino. Então, ainda que a dupla de zaga das meninas seja casca grossa tipo Moisés e Abel, propõe-se a expressão dupla de zaga conforme a legislação. Isto remete, é claro, à legislação atual que estendeu direitos a todo tipo de manifestação da sexualidade do ser humano e desumano, para manter a linha do politicamente correto. Porque ninguém está aqui para ser processado por discriminação.
LINHA LOURA: Linha loura vem a ser a tal linha burra, que defesas masculinas desprovida de inteligência praticam e que acabam por permitir que o time adversário chegue às suas próprias redes ou, quando menos, levem o pânico para a torcida. A expressão linha burra também foi criada por João Saldanha para substituir outra, a linha de impedimento, já que esta acaba produzindo o mesmo efeito catastrófico que a linha burra. Assim, no futebol feminino, propõe-se a expressão linha loura (sem preconceito nenhum!).

ZÉ CALCINHA: É o equivalente masculino à Maria Chuteira, aquele cara que quer dar o golpe do DNA na jogadora famosa. Ele, um “negão de tirar o chapéu”, atrás da craca (feminino de craque) loira e feiosa, mas cheia de grana.
Estas são algumas das minhas propostas que, espero, sejam aceitas por CBF, CONMEBOL, CONCACAF, UEFA, FIFA, ONU e FMI.

Um comentário:

  1. Singelas e oportunas sugestões. Talvez um pouco mais de alegria em campo ajude nossas meninas no próximo mundial.

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