24 de agosto de 2011

DOIS SORRISOS

Trago um sorriso torto
Aqui no canto direito da boca,
Mostrando uma falha de dente.
É um sorriso feio, reconheço,
Mas como tê-lo belo
Se, de permeio, a vida
Me reserva a cada esquina
Van Gogh, O quarto de
Van Gogh em Arles, 1899.
Museu d'Orsay.
Um esquálido, um faminto, um incerto?

Observa, agora, este no canto esquerdo
Onde não me faltam dentes.
É um sorriso triste, dirás, contida,
Numa aparente calma indiferente.
Mas é que persistem nesta minha vida,
Que, com o tempo, mais e mais se evade,
Um abandono, uma ferida, uma saudade.

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