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Tendo vestido o pijama, como se diz na caserna, candidatou-se a síndico para pôr fim a umas tantas coisas que andavam acontecendo e com as quais definitivamente não concordava, estivesse embarcado ou não, na ativa ou na passiva. E ganhou a eleição, que isso também foi modo nos anos de que todos se lembram.
Começou por moralizar a portaria, passou à garagem, invadiu as áreas comuns e se aventurou por alguns apartamentos de rapazes solteiros e moças descasadas. Futucou, mexeu e revirou tanto, que acabou angariando uma carrada de antipatias solenes, respeitoso desdém e fingida consideração. Enfim, é isso aí, mais ou menos, o que acontece aos síndicos.
Além de toda a sua arrogância e eficiência, Herculano cultivava um bigode bem aparado e pintado, uma indefectível pasta de documentos e um gato angorá, seu amigo de solidão.
Certo dia, por obra de não se sabe qual vizinho, o gato do Herculano varou a madrugada, aos berros, tocha galopante em que se transformou, ateada a querosene. E foi a única coisa que o fez pedir demissão, em caráter irrevogável, daquele espinhoso cargo administrativo, nem nunca encontrado em toda a vida de marinheiro.
Pobre do gato...!
ResponderExcluirEspero que a história seja pura imaginação!...
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