1 de fevereiro de 2011

VARIAÇÕES SOBRE UM MESMO TEMA


um dia a nave parte deste porto
(Claude Monet, Os barcos vermelhos, 1875.)
e é uma sorte não estar morto
o corpo derreado a carne podre
os sonhos abortados

outro dia o sol deposto sobre os montes
e a água límpida das mesmas fontes
depois da tempestade e da enxurrada
se toldar de barro

hoje é só desejo e um bocejo mal passado
das bocas mais que amargas
do perdido tempo de nós todos
mais que moços

amanhã será não sei quiçá acaso talvez
uma agonia instalada em pleno peito
e a certeza de que os planos que traçamos
estarão desfeitos


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