26 de fevereiro de 2011

URDIDURA

A mim não cabe urdir o que não foi urdido
Pela providência divina, pelo caos, pelo acaso.
E, se acaso tente tecer aquilo que não me cabe,
Acabo sempre por parecer simples fracasso.

Imagem em cidadeseuropeias.info.
A teia que não se cose por impossível sorte,
Em improvável tear de intrincada engenharia,
Sem os dedos de Ariadne, sem sua habilidade,
Mais me enredará de forma inapelável.

Mas, ao chegar o dia em que tal teia, rota,
Se rompa, com escarcéu, ou doce calmaria,
Eu possa, como os grandes, ainda que não creia,
Dizer que tal enredo valeu cada momento.

E, como disse o poeta, se acaso desta vida
Memória se consente, possam também de mim dizer
Depois de algum tempo do convívio ausente,
Apenas que fui amigo, filho, irmão, pai, avô, amante.

Um comentário:

  1. Mas me diga, dessa teia, o que mesmo fica? Não aquilo que os olhos não vêem mas o que o coração sente!

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