Um mal necessário.
O morrer de amor, uma consequência natural
Desse processo degradante.
Fede-se de amor, quando se ama.
E, quando não se ama,
Simplesmente existe-se
Na tranquilidade modorrenta e quieta dos dias claros.
O amor, por isso mesmo,
Provoca um revolução interna
A começar pelo intestinos, os prosaicos intestinos,
E acaba por subverter o senso comum da realidade.
Aniquila a autossuficiência.
Espezinha, por fim
E até mesmo,
O paladar.
Amando-se, o gosto é diverso.
Malamando-se, sente-se na maçã a maçã, no vinagre o vinagre.
E mais se ama e mais se morre,
Porquanto a entrega é maior.
Mas não se entrega na única e mera preocupação de entregar-se.
Entrega-se para que se apodreça no outro ser.
E, nesse acabar vexatório e repugnante,
É que se consegue o nada absoluto.
Aprendem-se aí as novas possibilidades
Do inexistir sozinho.
Treinam-se novas modalidades de se rebaixar,
De transigir,
De se deixar subornar, que amor é suborno.
Experimenta-se, então, o inefável sabor do desamparo
H. Van den Broeck, Vênus e Cupido, séc. XVI. |
A indescritível idiotice galopante,
Sentindo-se sábio;
A intangível fraqueza diária,
Fingindo-se forte.
O amor, enfim, mistura alhos com bugalhos.
Mas, sobretudo, ferve
Ferve num quentinho gostoso
No fundo do nosso ser escrachado.
Já se disse que o Amor é desregrado, escandaloso, devasso, libidinoso e lascivo. Mas sabe que ele gera? A Volúpia, que os gregos chamavam de Bem Aventurança.
ResponderExcluirÓtimo, Paulo Laurindo, com esse novo nome do amor.
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