11 de fevereiro de 2012

NEM SEMPRE/NUNCA

nem sempre chorarei em tua ausência
ouvindo um tango
curtindo um frio
massacrado por uma solidão antiga
muito antes disso
procurarei o sol
respirarei o ar marinho
e encontrarei a juventude das meninas da praia em frente

nunca me matarei por tua causa
enforcado
ou intoxicado por formicida
nem mesmo remoerei uma úlcera gástrica
por me teres abandonado
ou subirei a pressão sanguínea
por me traíres
ao contrário comprarei uma roupa nova
sorverei um gole de conhaque
e andarei atrás das ancas que me alucinam


Amedeo Modiglini, Nu couché de dos, 1917 (em book.530.com).


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