6 de junho de 2011

CASO MÉDICO: O REMÉDIO MILAGROSO

Achaque não é uma boa palavra para constar num caso médico. Fica bem em textos de humor duvidoso. E este não era o caso.
Embora fosse médico, Breno não estava compreendendo o funcionamento de sua mulher, mas percebia que alguma coisa não andava bem com ela. Sabia que não eram simplesmente achaques. Acreditava ser coisa de hormônios, aquilo que os mortais mais simples dizem serem os tais sumos internos, os lubrificantes que azeitam as peças, a fim de permitir o desempenho da máquina humana dentro do previsto. Se fossem problemas com vírus, bactérias e demais organismos microscópicos, aí sim ele se meteria, pois era de sua área, a Infectologia, assunto que dominava como poucos.
Por isso é que resolveu levar sua ainda jovem mulher, Sueli, mãe de seus quatro filhos, a especialista renomado no assunto, com consultório concorrido em Belo Horizonte.

Ela estava tendo certas variações de humor que não demonstrara até então. Os dois filhos adolescentes andavam sofrendo na relação com a mãe. Os dois menores pegavam as rebarbas de sua irritação frequente. Além do clima esquisito que andava reinando em casa, o marido começara a perceber alguma somatização desses problemas, altura em que julgou oportuno levá-la ao endocrinologista na capital do estado.

Já no consultório, para início de conversa, o especialista pergunta ao marido:

- Você, por acaso, observa se ela fica um pouco nervosa na época da menstruação:

- Na verdade, colega, não sei identificar o período da tensão pré-menstrual. É o mês inteiro!
Depois de escarafunchá-la de norte a sul, de leste a oeste, futucá-la de todas as maneiras, o especialista chegou à conclusão de que, se lhe aplicasse determinada droga, em injeção intramuscular, em pouco tempo o colega e marido da paciente teria praticamente uma nova esposa: mais calma, mais centrada, mais disposta, menos inflexível (Não quis usar o termo turrona, para não criar clima.) e, sobretudo, mais desfrutável do ponto de vista da sexualidade.
Breno, mesmo atualizado na profissão, quase não acreditou que a ciência médica, aliada à indústria farmacêutica, já tivesse encontrado essa droga milagrosa, capaz de operar maravilhas. Já tivera notícias de garrafadas vendidas no Mercado Ver-o-Peso de Belém do Pará com tais propriedades, coisa em que seus muitos anos de estudo e prática não permitiam acreditar. E satisfeito, do consultório mesmo do colega, ligou para o filho mais velho, às barbas dos dezessete anos, contando do que o tratamento faria na mãe dele, omitindo, é óbvio, a parte do lazer a ser desfrutado a dois. Disse-lhe, principalmente, dos benefícios a serem experimentados na relação mãe-filhos.
O jovem, todo feliz, não teve dúvidas e disse para ele:
- Pai, manda aplicar duas injeções na mãe! Sacrifico até parte da minha mesada, para apressar o tratamento e a felicidade voltar a reinar em casa.
De outro amigo médico, cirurgião, a quem narrou o encontro, com os pormenores e o jargão profissional cabíveis na situação, ouviu frase que não deixava margem a qualquer dúvida:
- Daqui a um mês, você me diz o resultado. Conforme for, levo a minha mulher lá e mando dar duas dessas também.
Como se diz lá, o trem ainda está no prazo. É só aguardar mais um pouco para ver se esse trem é mesmo bom demais da conta, como disse o médico da capital.

2 comentários:

  1. Hihihi...se funcionar o tal médico vai ficar muito mais rico e em espaço de tempo bem mais curto que o Palocci. Muito bom!

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  2. Aqui, pros meus lados, tem umas três ou quatro que precisam desta panacéia urgentemente.

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