18 de junho de 2011

DUPLAS SERTANEJAS: MINHA CONTRIBUIÇÃO

Há pouco tive brilhante ideia para ganhar dinheiro, como disse aqui no blog: escrever um livro em cujo título estivesse a expressão a menina que. Volto a ter outra e gostaria de compartilhá-la também com vocês (É provável que eu fique rico antes do fim do mundo!). Quero, porém, de antemão, pedir que não a usem antes de mim, senão o autor não desfrutará de sua própria esperteza.
O troço consiste basicamente no seguinte. Como há, na atual conjunção astral, uma proliferação descontrolada de duplas sertanejas no Brasil - e não só no progressista estado de Goiás, grande produtor de galinhada com gueroba* e licor de pequi - e, pelo que se percebe, isto não terá fim tão cedo, vou registrar em cartório e no INPI, na Biblioteca Nacional e no ECAD, nomes aplicáveis a esses denodados artistas canoros do cenário nacional, de modo que, ao surgir uma nova parelha de cantantes em qualquer rincão deste país, é só arrendar um da  minha relação, que estará disponível por valor a ser combinado, para licença de uso, o qual estará atrelado à arrecadação da dupla.
Vejam como a realidade supera a
ficção (imagem em mais.uol.com.br).
Alguns deles contemplam duplas femininas e gays, duplas mistas quanto à orientação sexual, intelectual, alcoólica e outras vertentes, porque aqui não há qualquer tipo de preconceito. Trabalhamos de acordo com os interessados.
O uso do & ou do e é indiferente, ficando a critério do cliente, sem que com isso haja aumento na licença.
Esclareço que os nomes já estão adaptados à grafia e à forma, de acordo com o gosto dos fregueses.
Os nomes seguem algumas tradições inerentes ao caso e atendem às mais diversas vertentes:
1)      Sertanejo de raiz, com preocupação ecológica e cultural: Mata-burro e Pinguela; Caga-sebo e Vira-bosta; Rabeca Velha e Viola Nova; Erosão & Voçoroca; Precipício e Pirambeira; Barranco e Barranqueiro; Fueiro & Canzil; Mourão e Baldrame; Cumeeira & Platibanda; Cacimbinha & Poço Fundo; Forquilha e Encruzilhada; Vassoura e Tiririca ; Porteira & Cancela; Boi de Coice & Boi de Guia; Pé de Pau e Mato Fino; Toró e Garoa; Grota Funda & Cova Rasa; Saracura e Gaturamo; Bacuri & Bacurau; Taturana e Tanajura; Alazão & Pangaré; Lambari e Piabanha; Brabuleta e Mariposa; Carqueja & Berdoega; Corgo Seco & Cachoeira; Pinico e Pinote, Pirilampo & Cu-de-lume.
2)      Sertanejo antenado, com preocupação universalista: Caipira & Marciano; Jeteme & Lovisol; ET & Abduzido.
3)      Sertanejo reverente, com homenagem a celebridades: Istochurchiu e Aizenrau; Suasnega & Istuude; Maicojeca e Elvispresli, Bilionário & Zé Pobre.
4)      Sertanejo gaiato, com laivos de humorista: Pedro Só e Mal-acompanhado; Já Cheguei & Tou Saindo; Desafina e Desentoa; Tou Ganhando & Vou Gastar; Cadiquê e Sacumé; Oncotô & Oncovô; Podicrê e Num Me Diga; Cequissabe & Xacumigo; Podissê e Tá Difícil; Bem Pequeno e Bem Dotado; Crendospadre & Orapronobis; Cisprandi e Black Jack; Pancadão e Aluado; Tchê e Bah!; Baitolo e Gilete; Atirado & Reservado; Zé Ruela & Arrochado; Cuidadoso e Arriscado; Vacilão e Decidido.
5)      Sertanejo traumatizado com as dificuldades passadas, com foco na comida e na bebida: Galinhada & Revirado; Constipado e Sastifeito; Pinga Nova e Figo Veio; Tonel & Barrica; Meia Dose e Copo Cheio; Gole Certo & Pé Inchado; Batata e Baroa; Zé com Fome & Gororoba; Porpeta e Minestrone; Pipoco & Pipoca; Nestor & Neston.
6)      Sertanejo nascido nos grandes centros urbanos, mas com o pé no meio do mato: Transeunte e Circunstante; Usuário & Traficante; Enrustido e Assumido; Indultado e Albergado, Pinheiros & Tietê, Alemão e Borel.
7)      Sertanejo universitário, metido a intelectual:  Pesquisado & Ilustrado; Operário e Operado; Invasão & Latifúndio; Seu Foucault e Seu Deleuze, Wolfgang & Amadeus.
8)      Sertanejo romântico e poético, que gosta do jogo de palavras, das aliterações: Labareda & Lamparina; Tropeiro Apaixonado & Carreiro Jeitoso; Jeitoso e Arrumado; Antonti e Trasantonti; Dejaoje & Dejavi; Revertério & Ribeirinho; Ministro e Ministério; Mensalão e Mensalinho; Lasquento & Lascado; Lesinha e Lesado; Periguete e Perigosa; Ternurinha & Tremendona; Fidamãe & Fidazunha; Lascado & Lasqueira; Coqueiro e Cocada; Henriquim e Enricado; Chifrudo & Chifrado; Joiado & Belezura.

(*Jeito goiano de dizer guariroba.)

2 comentários:

  1. Hihihi...lá em Calçado tem uma: Lambari e Cará, um pavor!

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  2. O ramo fértil da fuleiragem não tem limite e nunca se esgota. Vai mais uma pra coleção, já que o amigo não mencionou a vertente escatológica: Pinico & Privada.

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