e quando o mundo acabar
no momento exato da catástrofe anunciada
pode ser que eu esteja com um buquê de flores tristes na mão
a levar para minha amada
pode ser que eu porte uma arma
um porreteuma espada
e me vingue de todos os inimigos que nunca tive
com uma fúria alucinada
ou com os olhos cheios d’água
chore a perda dos meus amigosdos parentes dos netos dos filhos
e dos dias futuros que serão nada
ou com a boca seca de palavras
atônitoatordoado
sem entender a extensão do absurdo
quedar-me mudo
estremunhado
ou ainda que
na camaassolado por uma dor interminável
veja por entre a janela entreaberta na tarde fria
o vazio que se abrirá
para a noite escancarada
quando meu mundo acabar
Mondrian, Árvore vermelha, 1909 (em eartham.edu). |
Nenhum comentário:
Postar um comentário