11 de maio de 2012

SE O MUNDO ACABAR

se o mundo acabar
e quando o mundo acabar
no momento exato da catástrofe anunciada
pode ser que eu esteja com um buquê de flores tristes na mão
a levar para minha amada

pode ser que eu porte uma arma
um porrete
uma espada
e me vingue de todos os inimigos que nunca tive
com uma fúria alucinada

ou com os olhos cheios d’água
chore a perda dos meus amigos
dos parentes dos netos dos filhos
e dos dias futuros que serão nada

ou com a boca seca de palavras
atônito
atordoado
sem entender a extensão do absurdo
quedar-me mudo
estremunhado

ou ainda que
na cama
assolado por uma dor interminável
veja por entre a janela entreaberta na tarde fria
o vazio que se abrirá
para a noite escancarada
quando meu mundo acabar

Mondrian, Árvore vermelha, 1909 (em eartham.edu).

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