Antigamente fábrica se chamava fábrica. Hoje se chama planta. Já planta continua planta mesmo e não fabrica quase nada, a não ser oxigênio, que permite que todos nós continuemos vivendo, pensando e fazendo bobagens.
Preocupado com isso, e tendo em vista algumas pendências que ainda se veem por aí atravancando a vida das pessoas, resolvi abrir uma fábrica de invenções à moda antiga, na qual possa elaborar projetos, máquinas e soluções mirabolantes para tais pendências.
Aqui vão as primeiras insoluções solucionáveis para velhos problemas.
1. Inventar a técnica de filosofia panificadora capaz de transformar sonhos em brevidades.
2. Manipular o gene politicus brasilianus improbus para produzir homens públicos transgênicos, eticamente honestos e imunes a trapaças, falcatruas, desvios, apropriações e dá cá aquela palha, dentre outros crimes e poucas-vergonhas.
3. Inventar relógio que marque as horas passadas, de modo que ninguém perca mais seus compromissos atuais, nem ponha a culpa no trânsito caótico das grandes cidades.
4. Criar, a par do futuro do pretérito e do futuro do presente, o passado do futuro e o imperfeito perfeito, ao nível da realidade física imediata - isto é, referencial -, e embaralhar de vez a conjugação de verbos em língua portuguesa. Só quero ver o que os gramáticos hão de fazer!
5. Desenvolver uma célula psicossomática arbitral que funcione na corrente sanguínea, na mediação de conflitos entre o LDL e o HDL, de modo a que comer torresmos, chouriços, linguicinhas de porco e frutos do mar tenha a mesma repercussão orgânica que o consumo de água mineral sem gás, moderadamente.
6. Montar uma máquina político-administrativa inoxidável e permanentemente lubrificada, para uso municipal, estadual e federal, que funcione sem propina, sem corrupção, sem nepotismo, sem mandonismo e compadrismo, sem gastar energia elétrica ou outra fonte natural esgotável. Nem consuma a quantidade de papel que se gasta atualmente.
7. Desenvolver, em laboratório altamente sofisticado e com a contribuição de pesquisadores internacionais, potente detergente branqueador capaz de lavar a honra de certos políticos brasileiros, mais sujos que pau de galinheiro, que chão de chiqueiro, que tábua de curral.
8. Elaborar projeto de acordo de paz que estabeleça, em caráter definitivo, a convivência pacífica entre árabes e israelenses, entre xiitas e sunitas, entre corintianos e palmeirenses, entre o R10 e o gol, entre o Vasco da Gama e o título de campeão de alguma coisa.
9. Criar o método dedutivo comparativo epistemológico, de abordagem semiológica barthesiana, com achegas junguianas, do discurso intelecto-afetivo-artístico de Gilberto Gil, para traduzir para língua de gente comum o que o bardo baiano explica sobre os mais comezinhos assuntos cotidianos, em suas entrevistas nos meios de comunicação.
10. Construir bicicletas de três rodas, quadriciclos de três e triciclos de duas. Automóveis sem propulsão, aviões rasteiros, submarinos aéreos e trem mineiro feito de uai e massa de pão de queijo. Farinha em pedra, água em pó e gás sólido (acho que já existe algum desses aí, mas eu mesmo nunca vi). Só para revolucionar conceitos e gerar polêmicas!
Cena de Tempos modernos, de e com Charlie Chaplin (aí no papel de Carlitos), em wilsoneosbragas.blogspot.com. |
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