Em qualquer visita às livrarias da cidade, por mais descuidados que sejam nossos olhos - e lá eles nunca se descuidam tanto -, evidencia-se a profusão de livros em cujos títulos está a palavra menina e, em vários deles, a fórmula sintática a menina que.
Imagem em livrosepessoas.com. |
Evidentemente isso não ocorre de modo aleatório. É que este se tornou um dos mais rentáveis filões editoriais do momento. Sabemos muito bem que as editoras são empresas que visam ao lucro e que têm lá seus recursos de marketing para alcançar tal objetivo. E esse recurso específico é comum a publicações de várias delas.
Sabemos, também, por exemplo, que há nos Estados Unidos cursos que ensinam a se produzirem sucessos editoriais. As editoras, por vezes, encomendam obras com determinada temática a escritores de seu catálogo. Sempre no intuito de aumentar seu lucro, o que, certamente, contribui para a proliferação de títulos nesta linha.
Podemos, inclusive, verificar nas lojas, neste momento, bancas organizadas pelos seguintes temas: best-sellers, autoajuda, vampiros e livros cujo título tenha a palavra menina.
Há pouco, os romances históricos (que sempre me pareceram também um tipo de esperteza editorial), livros com tema sobre como ganhar dinheiro e se dar bem na carreira, livros na linha cientista ensandecido, tipo Erich Von Daniken, e obras psicografadas pelos mais diversos espíritos tinham seu espaço garantido.
Aliás, quanto a estes últimos, devo confessar que tenho muita dificuldade de acreditar em vida após a morte, em espíritos - e, caso (in)existam, sua presumida boa vontade para com os vivos -, em psicografias, em deuses e astronautas, bem como em seus autonomeados representantes na Terra. E aproveito a oportunidade que se me oferece para incluir, nessa descrença generalizada, também boa parte das autoridades constituídas, nas quais às vezes voto, com o consequente arrependimento tardio.
Esse meu futuro e exitoso livro vai trazer alguns problemas. O primeiro deles será para os catalogadores bibliográficos. Como classificá-lo: ficção brasileira, romance histórico, autoajuda, esoterismo, epistolografia, mercado de capitais, ou, pura e simplesmente, embromação?
Após, virá a segunda dificuldade, esta já para os arrumadores das bancas nas diversas livrarias: em que lugar colocá-lo? Aqui, ali, lá, acolá, algures ou alhures? Por dúvida das vias, verão que será melhor colocar um exemplar em cada.
Por outro lado, porém, com certeza, ele terá inúmeros compradores: todos os que se dispõem a gastar seu rico dinheirinho com este tipo de literatura.
Já tenho até o título desta grande obra, a ser gerada com a finalidade de se tornar um estrondoso sucesso. Fico até com receio de causar melindres aos campeões de venda do momento. Eis o nome portentoso de meu livro: A verdadeira história da menina-vampira que psicografava livros de autoajuda, pelo espírito de Paulo C, em cartas ao padre Fábio M, para aumentar seu capital espiritual e pecuniário, com base na astrologia catastrófica maia.
Assinarei a obra sob um quase pseudônimo: Saint C. Mello. Fiquem de olho. Serei eu o autor. Os desavisados acharão que sou parente de um e outro citado no título. Tenho cá também meus truques de marketing.
Quando estiver nas livrarias, avisarei a todos vocês através deste blog. De início, as vendas serão limitadas a dois exemplares por freguês, a fim de que todos possam adquirir o seu.
Quem viver lerá!
Se você não registou o título nem o pseudônimo nos orgãos competentes faça isso sem demora. O que não falta é esperto, louco por uma novidade mesmo que reciclada.
ResponderExcluirHihihi...vai vender mais que cerveja no carnaval!
ResponderExcluir