Pai Prudenço (em talesvale.blogspot.com). |
Zifio tava
sumido e agora assuntô pur riba da minha soleira. É sempre assim. Toda vez que
zifio tem pobrema, ele parece aqui, com cara de cachorro que virô a panela do
vizinho, oiando pra baixo, pescoço sem levantá aquele zói azul. Aí eu sei que
o pobrema é brabo. Pode dizê, zifio! Pai Prudenço tá aqui pra escuitá. Abre seu
coração, zifio! Num deixa nenhua mágoa de fora, pra mode eu podê mexê meus
pauzinho tudo nos conforme das entidade e dos caboco. Que se eu num subé direitim,
os trem pode desandá. E entonce, pra consertá, é um desassombro medonho! Mas
cumé que ocê tá dizendo, zifio? Se meteu traveiz ca muié dos otro? E dessa vez
os otro descobriu? Xiiii, zifio, ocê só faz o que o gato enterra, né meso?
Aquela brigação que eu passei pr’ocê lá na cachoeira num adiantô nada, zifio?
Ocê fez tudo direitim, conforme manda o figurino e, assim meso, num deu certo?
É, entonce, ocê tá é cum um encosto brabo. Mas eu lá posso sabê quem é essa tar
muié dos otro? Quem sabe eu num possa acorrentá o trabaio novo com o nome dela,
pra tirá ocê dessa sufrega? A Candinha do Antõi Padero? Mas aí, zifio, vai ficá
munto difice. Candinha é um muierão! É uma muié munto jeitosa! Vô meso te dizê, zifio, que até Pai
Prudenço era capaz de se enredá nas teia de aranha dela, de num desapartá nem com reza forte. Aquilo é uma muié e
tanto, de requistá purso forte pra sua governança. E nóis sabe que Antõi Padero
é um carça froxa, que, quano num tá fazeno pão, tá na igreja orano pela arma
dos pecadô. Casô cum ela só pruque fez saliença na juventude e o pai dela chegô
de trinta e oito engatiado nos corno dele e aí ele num teve saída. Mas já sabia
que num ia consegui governá muié tão apetrechada de fornidos e murundus. E piorô
despois que entrô pra igreja. Acho que agora ele nem gosta mais das coisa. Ocê
sabe bem do que tô falano! Vô meso te dizê, zifio, num convém fazê serviço
nenhum pr’ocê. Ocê tá mais é do que certo! Se é comigo o enredo, afundo no
mundo de não querê sabê de otra coisa. Candinha é joia preciosa, chegada numa
saliença das boa. Sempre foi ansim. Eu, na qualidade de seu guia espirituá, tô
te dizeno: afunda nas carne da Candinha sem medo, que eu vô fazê um trabaio pra
neutralizá o corno. Que aquilo ali não vale o pão que amassa. Ah! eu nos amontoado
da Candinha, zifio! Ai! que inveja danada d’ocê, zifio! Vai em paz, zifio, e
deixa o corno comigo, que vô amarrá ele pelos sete lado, de ele num dá cobro de
tanto fazê pão e se desvencilhá das obrigação da igreja. Vai tê até de badalá
sino na morte de cachorro e gato. Vai na paz de Pai Prudenço, zifio! Ai! se
inveja matasse, Pai Prudenço tava desencarnado!
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