Sou fluminense
Maneiro
Menino
Roceiro
Retinto
Festeiro
Crioulo
Cantante
Mulato
Fagueiro
Sou popular
Circunstante
Metamorfose
Ambulante
Ambivalente
Distante
Dos arraiais
Dos mandantes
Sou esfaimado
Doente
Tão desdentado
Demente
Muito mais povo
Que gente
Dessa que o papo
Indecente
Incha a mostrar
Sorridente
Quão serviçal
E servente
Pra todo tipo de obra
Até mesmo engolir cobra
É esse tipo de gente
Sou miserável
E inocente
Vítima réu moribundo
Muito mais raso
Que fundo
Bem menos frio
Que quente
Muito mais triste
Descrente
De todo o clã
Dominante
Porém vivo qual serpente
Porém vivo qual serpente
E somente
Boca que cala
E consente
Língua que diz
E não mente
Riso que ri
E não sente
Cegos mil olhos
De frente
Sonhos futuros
Presentes
Até que a gota que falta
Da minha baba insolente
Nos sirva à ira fecunda
E meta o pé pela bunda
Dos corruptos
Dos mentirosos
Dos incompetentes
(Poema do fim dos anos 70.)
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