6 de novembro de 2011

QUANDO EU MORRER (II)

Quando eu morrer
Quero que saibas que morrerei aborrecido
Vou querer ficar mais um pouco contigo
E contigo
E contigo
A vida pode ser sem sentido
Mas a morte é perigo
É coisa de risco
De que jamais se escapa
E se acaso houver alma
Essa coisa de que tanto falam
Qual será seu abrigo
Onde será seu pouso
Onde estarão seus amigos

Quando eu morrer
Quero que saibas que morrerei inconformado
Porém não desejo que a vida seja um fardo
Que se leva nas costas
Como um peso indevido
Das pessoas em volta
E eu mesmo sem saber nada
Alheado de tudo
Inútil
Como um traste antigo

Pierre Bonnard, Crepúsculo, 1892, Museu d'Orsay
(musee-orsay.fr).

Um comentário:

  1. Não temas, meu velho: embora aborrecido, morrerás cercado de fãs por todos os lados.

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