28 de novembro de 2011

E TUDO TORNA-SE...

meus tormentos só os sinto
quando tento ser mais lúcido
e tudo torna-se insensível

estes fogos de artifício
em que se queima meu desejo
destroem-me também o siso
e tudo torna-se impossível

a caldeira de meu peito
compressão de meus defeitos
com defeitos ela mesma
não explode só comprime
e tudo torna-se impassível

Georges Mathieu, Regards de flamme (séc. XX),
em ien.lorient.centre.free.fr.
o cinema de meus sonhos
pelos olhos mais que abertos
mais despertos mais desertos
tem imagens desconexas
sem legendas sem roteiro
e tudo torna-se invisível

o discurso destes versos
ilusão ânsia protesto
discurso não é por certo:
alguma coisa inaudível
desprovida de sentido
com que me sinto perdido
e tudo torna-se indizível

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