12 de novembro de 2011

POEMAS MÍNIMOS V (COM ALGUM HUMOR)

I. NOSSAS MÃOS

a tua mão dispensa os afagos gratuitos
a minha não
a minha é tão carente que se permite
ser afagada até por um cachorro-
quente

II. PEQUENA ELEGIA CAPILAR (À MODA DO MILLÔR)

meu cabelo não cai
apenas vai dar uma volta por aí
e não volta mais

III. A INSACIÁVEL

a mulher fala:
olha, hélio, ou melhoras teu falo
ou vou fritá-lo ao óleo e alho.

IV. TUA MÃO

segurar tua mão numa noite de verão
mela
no inverno
gela

Imagem em icctv.cinfo.
V. PEQUENO POEMA PARA UMAS PERNAS

vejo-as as vejo vejo elas
oh! como me confundem
tuas belas pernas



VI. ANTIPOÉTICA

há mil rumores no mar
há amores pela rua
há uma rima no ar
porém não vou fazer porra nenhuma!

VII. O PAÍS AFUNDA?

temos toda a certeza de que o país afunda
quando no supermercado está a classe média
regateando o papel com que vai limpar a bunda

VIII. LUCROS E PERDAS

tudo é perda:
a infância o romantismo os sonhos.
tudo é ganho:
a impotência o reumatismo as banhas.

IX. O PAÍS EXULTA

olha em volta
e vê essa alegria toda:
o país exulta.
ou é carnaval
ou somos todos filhos da puta.

X. AMOR PLATÔNICO

um tanto platônico
procuro alma gêmea
de tal forma cândida
– anjo caído do céu –
que com a minha gema
nos suados solavancos
de uma cama de motel

XI. ILAÇÃO DA LEI DO INQUILINATO (com todas as alterações subsequentes)

um dia é da casa
o outro do senhorio

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