o dia amanhece em teus olhos tristes
e o vento morno sopra em tua boca.
nada como um dia depois do outro
numa sucessão de coisas tangíveis
em que não se pode prescindir
da dor do pranto e da miséria.
cada amanhecer em tuas pupilas
borra de nuvens o horizonte atrapalhado
por montanhas e folhas de jornais.
nada permanecerá impassível
se tu não o quiseres.
mas de nada adiantará teu hálito morno
sem o som plausível e o cheiro forte
de tua carne silenciosa e doce.
o dia assim se construirá
com as peças com que recompões o tédio
dos dias claros
ou o delírio brumoso das nuvens negras
que cobrem o céu como que por acaso.
e tu estarás eterna neste interstício de tempo
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