6 de outubro de 2010

POEMAS BREVES (I)

I.

põe-se o sol sobre as montanhas.
lá em casa ao lado da mesa posta
as crianças brincam de amanhã.
a luz não se apaga simplesmente.
porém tudo é transitório e perene
como o trajeto do sol.

a noite não desce sobre as coisas
e as consciências.
apenas um pouco de escuridão
transita também em nós.

II.

o relógio marca uma hora qualquer
sobre o peito dos desesperados.
o tempo é incêndio devastador
sem controle possível
de extinção imprevista.
do lado de fora da casa os vírus
e as demais vicissitudes
mancomunam-se para tornar a vida
um interstício de um tempo sem medida.

III

não direi trinta e três entre tosses
meu pulmão está ótimo.
não me queixarei ao analista
de minha cabeça múltipla
ela é até lógica.
o que me incomoda
o que não me deixa dormir sossegado
é essa pátria amada
é esse oba-oba
é esse bode.

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