20 de outubro de 2010

FOME

Banham os campos de arroz
de verde e amarelo
a fome do povo
e o desespero da tarde que morre
na serra de Flores.
Não há centeio cevada
apenas o arroz plantado na vargem
enlameando os pés dos homens
costas curvadas como enxadas
e as mãos grossas.
Não há trigo nem soja
só a planura calma
dos cachos dourados do arroz
das vargens de Miracema.
E parece que toda a fome do povo
soluciona-se na visão tranquila
desses arrozais sazonados.

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