17 de outubro de 2010

DEPOIS DO SOL, FOI-SE A VIDA

depois do sol
saiu também da minha vida o teu sorriso
a tua gargalhada lúbrica de bruxa
e não sobrou sorriso pra comemorar
depois da lua
entrou no meu vazio a tua negra ausência
aquele antigo estado d’alma ledo e cego
e uma escuridão atônita de medo
e foi-se o tempo
em que os mesmos pés de milho embonecaram
nas encostas verdes dos morros ondulados
fertilizados pelas chuvas de verão
e foi-se a vida
correndo de mansinho pelas minhas veias
dilaceradas pelas farpas dos teus dedos
sangrando todas os meus sonhos pelo chão

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