12 de junho de 2012

OS QUE VÃO, OS QUE VÊM

Meu  pai aos poucos torna-se criança
Perde a memória do mundo
Alheia-se
Minha mãe reza compungidas preces
E a noite silenciosa reúne nossas dores
Que leva em tom pesado para os travesseiros.
Sempre haverá sonhos a se sonharem
E um dia uma outra criança há de chorar
Reclamando por cuidados
Que dispensaremos com o mesmo fervor
Com que cuidamos dos que vão
E dos que vêm
Numa repetição religiosa do ritual do existir.

Van Gogh, Au seuil de l'éternité, 1890 (em impressionism-art.org).

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