um tanto é amar-te morto
absorto dos problemas diários.
outro tanto é sofrer-te
em conjunto, acasalados,
com todas as peripécias
a nos empurrarem um para o outro.
mas entre o primeiro amar-te
tranquilo e evasivo
e o segundo,
o mundo normalmente nos impõe
a dura condição de sermos dois,
pessoas bem distintas
a se quererem machucando-se.
amar-nos, então, além do tal
remédio eficaz da solidão,
é também uma dor na carne
um mal no cerne,
que agride, que estraçalha, que corrompe.
William Bouguereau, Elegie et manque d'amour, séc. XIX (enviedailleurs.forumpro.fr). |
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