16 de setembro de 2011

VAI-SE O PRIMEIRO "FRIEND"

Na década de sessenta do século passado, fundamos um clube em nossa pequena vila de Carabuçu: o Friend’s Club, assim mesmo em inglês, já com os acordes do recém-aparecido rock’n’roll sobre nossas cabeças.
Éramos um grupo de sete amigos, mais ou menos da mesma idade: Celinho, Augusto, Adilson, Zé Luiz, Ari, Rubens e eu. Depois, com o beneplácito de todos – houvesse um senão e a coisa não ocorria –, admitiram-se outros sócios: Délbio, Dalson, Fernando, dentre os que me lembro, porém acho que não mais que outros.
Reuníamos-nos semanalmente, quase sempre aos domingos após o almoço, para trocar ideias, falar da vida, de livros, de cinema, de música, combinar passeios e visitas. Menos de política, que, àquela altura, andava muito exacerbada com as correntes de direita de Carlos Lacerda e de esquerda de Leonel Brizola. Este assunto ficou proibido estatutariamente, a fim de que não nos engalfinhássemos por questões ideológicas. Éramos amigos acima de tudo e devíamos prevenir. De futebol, podíamos falar, ainda que Zé Luiz, por exemplo, nem estivesse aí para a bola rolando.
O mundo fez com que crescêssemos e procurássemos nossas trilhas no emaranhado da vida, que, a cada ano, se tornava mais cheia de responsabilidades.
Celinho e Fernando, irmãos, foram atrás de suas carreiras no Banco do Brasil; Augusto e Rubens ficaram por lá e hoje são atuantes advogados; Ari mudou-se para Brasília com seus pais e lá também exerce a advocacia; Zé Luiz, durante anos, exerceu o magistério, com um trabalho admirado por todos, e mais recentemente veio para Niterói; Adilson, exímio jogador de futebol, mudou-se para Itaperuna, para atuar por um time hoje inexistente, e estabeleceu-se como contabilista; Dalson sumiu pelo Rio de Janeiro e muito pouco nos encontramos; Délbio continuou por lá e também tem escritório de contabilidade; eu vim mais cedo para Niterói tocar a vida, procurar meu rumo. Todos nos casamos, tivemos filhos, alguns são avós como eu e, vez em quando, sabemos notícias uns dos outros, embora aqui tenha convivência mais frequente com Zé Luiz.
Pois agora, deste grupo de friends, o Adilson nos faz a desfeita de partir, sem mais nem menos, fulminado por um coração que talvez não lhe coubesse no peito. Hoje, em Itaperuna, onde morava com sua esposa, Austerlite, tendo os filhos por perto, nosso grande amigo, carinhosamente chamado por todos de Adilson Zé Mané, ou simplesmente Zé Mané, abriu mão – e posso dizer que contrafeito – do que a vida nos proporcionou durante seis décadas.
Vai ser difícil encontrar uma gargalhada mais sonora que a dele! Imagino para Austerlite e os filhos a falta que irá fazer.
Soube apenas agora desta tragédia que a vida nos reserva, e não pude ir ao seu sepultamento. Porém, daqui desta singela página, deixo a despedida dolorida ao meu amigo e primo Adilson Soares de Oliveira, o Zé Mané, a quem dediquei a postagem Campos dos Goytacazes (anos sessenta), em 16/01/2011.
Você fará falta, cara!

Um comentário:

  1. Perder um amigo é um pedaço de nós que vai. Mas se fica a lembrança, temos conosco a saudável recordação.

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