26 de setembro de 2011

POEMAS MÍNIMOS III

I. GRAND MONDE

ave ovos e ovários!
ave vários!
aviários
e tudo é uma galinhagem só!


II. FORAM-SE AS POMBAS

houve pombas nos pombais
hoje há bombas arsenais
mas raia sanguínea e quente a madrugada
desintegrando nossos sonhos tolos


III. EU SOU ASSIM (OU QUASE)

tudo de mim/nada
pouco de mim/basta
tanto de mim/farta
nada de mim/mata
e se for só um tiquinho
aí é que nem cachaça


IV. TALVEZ

talvez saia
talvez fique em casa lendo jornais
a noite porém é tão propícia
que vale um desencanto
uma frustração
um porre
quem sabe um encontro


V. AMANHÃ INÚTIL

a expressão das faces dos que à beira dos copos se olham
fere a noite
e instala nas consciências a certeza de um amanhã inútil

Toulouse-Lautrec, No Moulin Rouge, 1892.

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