9 de dezembro de 2010

SONETO ANTIGO (À MODA DOS BARROCOS)

                  O teu sossego é meu desassossego.
                  O meu delírio já se fez tormento.
                  A minha dor caminha para o medo.
                  Todo o meu choro é teu contentamento.

                        O meu lamento é frágua, sombra e vento,
                  Enquanto brincas com tudo o que sinto,
                  Como quem brinca com os seus bonecos,
                  Desconhecendo o mal que já pressinto.

                  E, quando vejo, estás tão distraída,
                  Sem te importares com esta vaga vida,
                  Em que levamos nosso amor de estio.

                  Não ligas nada, enquanto passa o tempo.
                  Inconformado, entretanto, tento
                  Ficar no cais sozinho a ver navio.

Tomasini, Barcos no Tejo perto da Torre de São
Julião da Barra, 1855, em museu.marinha.pt

3 comentários:

  1. Belíssimo! Parabéns! Gostei muito dos seus "escrevinhados".

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  2. Bem-vinda, Danielle. Acho que você foi na dica do Zatonio e chegou até aqui. Hehehe!

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