E ficava dolente, feito violão dedilhado com cuidado, como
só a João competia tanger.
E Maria urgia em estar com João, como se fosse um
determinismo, uma consumição.
Então João perdia o chão, nos braços de Maria.
E ia João à procura do corpo de Maria, como se fosse carpir
eito de terra fofa, ao luzir do dia, ao raiar da aurora. De qualquer dia que
fosse, a qualquer hora, pois qualquer dia com Maria era um agonia de gostoso,
de um tempo que não existia.E João, bem moço, carpia que carpia o corpo de Maria, num trabalho jeitoso, jeito de peregrinação, como nas antigas procissões e romarias, em que se suplicava ajuda do céu, quando a seca exigia.
Tal Maria se dava, que a um só soluço de João, o céu se abria em choro e sobre a terra exsicada corria um turbilhão aquoso, que extinguia a seca mais cruenta que pudesse haver neste mundo.
E obrava João sobre o corpo de Maria o milagre da frutificação. Até que um dia brotava um pé de gente, em forma de menino, do ventre de Maria.
E assim ia a vida. E assim a vida ia.
Tarde chuvosa (foto do autor). |
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