há procissões de incréus rondando o pátio
cheirando flores nos jardins de lixo
aspirando páramos e gases tóxicos
entoando frevos maracatus maxixes
há te-déuns de ateus comemorado o tédio
agradecendo as crises nacionais
reverenciando os mortos e os espertos
vociferando xingando soltando os bichos
há comunhões de miseráveis comungando o medo
repartindo o pão que o diabo amassou
bebendo o vinho amargo da discórdia
comendo pedra merda bosta e piche
há batismos de fogo
ressurreições de infernos
glorificações de incestos
aleluias letais
sob os viadutos as marquises
e na grama verde do aterro
Pieter Brueghel, o Velho, O triunfo da morte, 1562. |
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