31 de julho de 2013

NO MEU REGRESSO


No meu regresso
Não me estenda tapete
Estenda os braços
Não me faça discursos
Me dê um beijo
Não diga que sentiu minha ausência
Me dê um abraço

Eu posso parecer roceiro
Mesmo quando volto de Paris
Ou de qualquer parte do mundo
É que não me abandona esse jeito
De carabucense ausente
Perdido entre procelas de oceanos
E a poeira de caminhos estranhos

No meu regresso
Não improvise discursos
Sussurre uns versos
Solfeje umas notas dissonantes
Que meu coração errante
Há de entender
Melhor que um relatório de sofrimentos

Eu posso parecer insensível
Mas no meu peito bate l’incertitude
Da hora do recomeço
Do retorno certo
À casa bem-amada
Onde durante todo o resto
Vagueia a vida que vou levando a esmo


File:Gustave Courbet 010.jpg
Gustave Courbet, O encontro ou Bom dia, senhor Courbet, 1854 (em pt.wikipedia.org).

Um comentário: