13 de novembro de 2012

ÂNGELA E ANGELINA


Ângela e Angelina eram primas
Eram lindas meninas
O que uma tinha a outra também queria
Se uma perdia algo a outra chorava tanto
Se uma ria era da graça da outra
O que mais servia a uma
À outra também servia
Quase sempre estavam juntas
As duas com seus encantos
E pelos cantos sorriam
Das coisas com seus segredos
E pensam que havia medo
Em olhos tão cristalinos?
Pois a coragem de uma
A outra fortalecia
Por mais que houvesse espanto.
Até que um belo dia
Já moças dos seus talentos
Se apaixonaram por Cleto
De um modo dilacerante
Que não houve mais instante
De mínimo entendimento.                               
E ficaram pra titia
Porque o que Cleto queria
Era um dote portentoso
Tipo fazenda de gado
Com cafezal suntuoso
Aguada de muitas fontes
Retiro e invernada.
E aquelas pobres meninas
Primas tão extremosas
Tinham apenas os sonhos
De toda menina moça.
E a história teve um fim
Numa Procissão das Cinzas
Cada qual e sua amargura
Sob o véu da noite escura.



P. A. Renoir, Les demoiselles Cahen d'Anvers, 1881 (em clientes.insite.com.br).

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