7 de abril de 2013

BICHO HUMANO


Beber um cálice de abandono
Viver por anos achando-se sub-humano
Nutrir-se de raízes vícios incríveis
Julgar-se um lixo
Comer como um bicho num festim mundano
E no entanto ter planos
Traçar rotas por oceanos largos
Vias de voos transoceânicos
Em céus de nuvens titânicas
E lá no fim de todas as incertezas
Antever a luz que valerá a travessia inteira
Como um Ulisses à casa retornando
A despeito do canto das sereias
Na certeza de que tudo terá valido a pena
O bicho humano


Hebert James Drapper, Ulisses e as sereias, 1909 (em commons.wikipedia.org).

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