Sempre pensando: sem a mãe, não queria viver. O mundo triste, vago, imenso. Completamente inabitável. Morresse ela, e ele morreria também. Mas a mãe, firme como um rochedo, baluarte de toda a família, depois que o pai fugira com a diarista. Aí ele com aquele complexozinho de Édipo mal resolvido, mal estruturado, muito mal compreendido. Sentia apenas que a mãe era tudo para ele. A mãe, o seu orgulho, a sua devoção e, Deus o livre e guarde, bem lá no fundo, o seu tesão. Nem era ela modelo de beleza, mas que mãe!
Um dia, ela adoeceu. Ficou mal, os olhos fundos, a cor baça, uma ronqueira cava no peito, a voz um filetezinho de som de nada. Ele se desdobrou em cuidados, convocou as irmãs casadas para ajudarem. Os maiores desvelos. A mãe, nem demorou muito, se recuperou, botou corpo e cor novamente, o brilho dos olhos. Ficara até mais bonita. Dava para se perceber. Ele, então, recuperado em seu amor-paixão, as noites de frio no seu colo, aconchegado. Ela fazendo-lhe cafuné nos cabelos, vendo televisão, o seu gato. Ele, o mais feliz dos homens, porque a mais perfeita das mulheres. Ela, a mãe mais gratificada. Nenhum filho como o dela. Os dois sozinhos na casa vazia. Viesse o mundo abaixo, o seu reino estaria salvo!
Óia, brigo muito com a minha mas não a deixaria por nenhum tesouro deste mundo, aliás ela é o único que tenho.
ResponderExcluir