são escuras as manhãs de medo
que se anunciam sobre o país
e a vida continua indecente como antes
há cães pelas esquinas mijando nos postes
e pobres velhos esfarrapados crianças
inundando as praças e as avenidas
num carnaval sem música e sem fantasia
os cidadãos de bem assistem ao desfile
do alto dos camarotes e do aconchego dos automóveis
são opacas as tardes de incerteza
que assaltam todo o país
e a vida continua indecente como antes
ninguém chora
há apenas a digestão bem feita
ou o ronco inaudível dos estômagos iludidos
aguardando o sono da noite imprevisível
que se abaterá sobre o país
(Equivoquei-me no título do poema, agora republicado corretamente. O título anterior refere-se a texto diferente, a ser postado em breve.)
É isso, sem tirar nem pôr. Gostei do "esquecimento" lá de baixo.Hahaha!
ResponderExcluirVida longa e próspera!
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