16 de maio de 2013

NOVELAS



Engraçado, a novela Salve Jorge está acabando e não tive tempo nem de dar uma mãozinha a Jorge. Que, aliás, não sei quem é, nem se está salvo. Tenho um cunhado Jorge, mas ele não precisa de salvamento por hora. Está bem, gozando de plena saúde, tomando lá suas cervejinhas inocentes, trabalhando dentro do previsto e curtindo seus netinhos, quando a lida permite. É em casa dele, na Bicuda, na serra de Macaé, que, vez em quando, vou desfrutar um programa maneiro, tranquilo e familiar. Sempre muito bom. Fora a comilança a que nos entregamos, encantados com o tempero de minha concunhada Rita.

Começou, por outro lado, nova novela – como se isso fosse novidade! – em cuja chamada estava Ellen Roche: Sangue bom. Pedi aos céus que me dessem um pouco de pertinácia, de concentração e interesse, para acompanhar, na certeza de que em coisa em que está Ellen Roche nunca se há de errar. E, desgraçadamente, não consegui assistir a um mísero capítulo. Nem mesmo vi aquele portento que é Ellen Roche, ai, ai! Mortifico-me aqui, por saber que devo estar perdendo a imagem maravilhosa da Ellen. Mas o que fazer quando a indolência toma conta do meu ser?´

É que acompanhar novela é muito complicado, muito difícil. Exige um esforço de concentração - física e não, mental - de estar disponível naquele mesmo horário durante meses a fio. E eu não costumo ser repetitivo comigo mesmo. Apenas com os outros.

Há um tempo – e já faz algum – também perdi uma novela em que Vera Fischer, ainda no auge de sua beleza, fazia um strip-tease sobre a mesa de uma boate. Naquele momento, minha mulher gritou lá da sala:

- A Vera Fischer está fazendo strip-tease!

Como um mondrongo preguiçoso, não me desabalei do lugar em que me encontrava, pensando: outro dia vejo a cena em repeteco. Nunca me perdoo por isso. Hoje meu filho vive de implicância com ela, através do Facebook, sem ter noção de quem foi Vera Fischer para pessoas da minha geração. Inclusive já lhe chamei a atenção sobre isso: ficar destruindo os mitos dos mais velhos pode causar traumas irreversíveis na terceira idade.

As novelas sempre foram um problema para mim. Nunca consegui acompanhá-las, exceção feita talvez a Beto Rockfeller, nos idos dos sessenta, quando morava na pensão da Dona Dinorah. A novela, sucesso à época, era exibida na TV Tupi apenas aos sábados à noite, com vários capítulos concentrados. Sempre que não houvesse nada mais importante, estava eu lá diante da tevê preto-e-branco, cheia de chuviscos, acompanhando as peripécias de Beto Rockfeller, um bicão cheio de artimanhas, para se dar bem na high society.

Seguir mesmo, com devoção, algum sofrimento e grandes alegrias, só o Botafogo, que é uma novela. Convenhamos!
Vejam só a cena que perdi em Salve Jorge, por minha indolência! (imagem em veja.abril.com.br).





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