1 de setembro de 2012

POEMA LINEAR Nº 2: GLAUCO&LUZIA


Luzia não tinha a capacidade de ver o cego amor que por ela Glauco nutria.
Glauco que um dia, ao ver luzir a luz dos olhos de Luzia, achou que tivesse perdido o rumo, perdido a trilha da vida e entrado num desvio. Como cego em tiroteio. Como cachorro caído de mudança.

Mas Luzia insistia na indiferença perversa de fingir que não notava o cego amor que ela claramente via de quem só tinha olhos para seus olhos de jade: Glauco.
E Glauco, infausto, com o desdém de quem seu amor desmerecia, cegou seus olhos, como um Édipo vadio. E daí por diante o que veria seria o sem fim da escuridão.

Luzia, então caída em si, atormentada por remorsos, serviu a Glauco de guia até o fim de seus dias.

Bartholomäus Spranger, Glauco e Cila , 1580/1582 (em pt.wikipedia.org).

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