26 de setembro de 2012

MODERNOS AGENTES FUNERÁRIOS

Há uma moça bonitinha, em propaganda na tevê, com um sorriso nos lábios, oferecendo o plano funerário da Santa Casa Copacabana. Segundo ela, é o negócio da nossa vida (ou da nossa morte?), de tão bom que é.
Pelo que entendi, há várias modalidades, vários tipos: podem entregar o de cujus aqui, ali e acolá, em carros novos, com todo o conforto possível. Até mesmo no estrangeiro, o plano promete a inumação do freguês. Na base do morre aqui, enterra lá!
Se o cliente se associar agora, paga com cinquenta por cento de abatimento. É realmente uma pechincha, caso você queira abotoar o paletó, fazer a passagem, desencarnar afoitamente, açodadamente.
Concorrendo com ela, em propaganda de outra empresa papa-defunto, aparecem os consagrados atores Eva Todor e Francisco Cuoco, sentados e dividindo um texto bem humorado, em que brincam com as suas próprias longevidades, talvez para mostrar que morrer não seja tão mau negócio assim. E, pela idade e descontração, eles quase nos convencem.
Oferecem até mesmo um plano em que se dá ao cliente o prazo de sobrevida de doze meses. Ou não parcelariam a adesão em suaves prestações mensais, durante um ano inteiro.
Ambas as propagandas não são nada sisudas; nenhum dos apresentadores faz cara circunspecta, semblante carregado; não têm sombra escura nos olhos. Estão todos muito bem humorados. Diria, mesmo, quase felizes em oferecer seus serviços ao cliente amigo disposto a passar desta para melhor.
Essas campanhas me trazem à memória um fato ocorrido com Jane, minha mulher.
Há cerca de vinte anos ou mais, estávamos prontos para sair e comemorar, com um jantar, o aniversário dela, quando toca o telefone.
Jane, toda emperiquitada, já com a bolsa na mão, volta para atender a ligação. Era uma jovem corretora de funerais e assuntos conexos de um cemitério-parque, inaugurado por aqueles dias no Pacheco, em São Gonçalo, cidade vizinha a Niterói.
Naquela oportunidade, estávamos bem menos dispostos a esse tipo de evento que hoje. E foi o que Jane falou para a moça:
- Puxa vida, logo no dia do meu aniversário, você liga para oferecer plano funerário!
A moça se desculpou, constrangida, e nós saímos para jantar, sem a mínima disposição de vestir o paletó de madeira.
E estamos até hoje aguardando novo telefonema.
Desde que não seja no dia do aniversário!
Velório on line, cartum de Nani (em nanihumor.com).

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