3 de setembro de 2012

LIVRAI-NOS, Ó SENHOR!

Livrai-nos, ó Senhor, dos ursos peludos
Das baratas cascudas
Dos escorpiões peçonhentos
Dos touros furiosos
Dos cachorros doidos da minha infância
Dos morcegos nojentos e seu voo aleatório
Dos peixes fritos cheios de espinhas que engastalham na garganta da gente
Do ensopadinho de maxixe
Das variadas verdades únicas e absolutas
Das promessas de campanha
Dos corruptos passivos ativos e inativos
Dos trens de subúrbio na hora de pico
Da cerveja choca e do vinho avinagrado
Dos planos de salvação nacional
Do torresmo rançoso e do sarapatel sem farinha
Do colesterol descontrolado
Da glicemia açucarada
Da pressão destrambelhada
Dos dízimos das esmolas e dos óbulos
De toda pregação religiosa para nossa salvação compulsória
Da micareta de época e de fora de época
Das bandas de axé de forró e de sertanejo universitário
Do carnê do crediário bem como dos juros bancários
Do papel miserável de palhaços
De trouxas
De inapeláveis pagadores de impostos
Da dependência da justiça e da saúde públicas
Do motor do dentista e do fiapo de carne no dente
Da carência afetiva
Do bife de soja e do pão sem glúten
Da leniência das autoridades constituídas
E de uma vida repleta de sonhos irrealizados e de esperanças vãs!


Imagem em redemaranatha.com.br.


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