(Ao amigo Mário Barata, in memoriam)
A objetiva do real desfocou a tua imagem
E passaste por um clique amargo da vida
À convivência das lembranças.
Tua fuga deste campo visual
De profundidade limitada
Não terá fixação em cristais de prata.
Porém não lavarão tua presença
Os banhos químicos
Com que revelaste os instantes deste povo.
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| Câmara Hasselblad analógica. |
Tua visão de mundo
Tua própria vida
Vela-se agora por um clarão mais intenso
Que me arde os olhos: teu partir.
E ficará no espaço de um fotograma
O espaço em que moveste tua angústia
Teus percalços teus desejos.
A câmara que tua mão apertou
Com a fugacidade do momento
Para a perpetuidade da existência
Restará por fim fria só
Desmariada...
(Nota: Este poema foi escrito logo após o falecimento de Mário Barata, grande fotógrafo carioca, morto prematuramente aos trinta e um anos de idade, no final da década de 70.)
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