(Para José Antonio Lahud.)
Turvei-me em Águas Claras,
Afoguei-me em Mangue Seco,
Encontrei águas clarinhas
Próximas a Rio Negro.
Em Monte Alegre do Sul,
Afundei-me na tristeza
De estar perdido no mundo.
E foi com tanta certeza
Que provei do desespero
Lá em Boa Esperança,
Mas voltei a ser criança
Em São José do Bonfim,
Achando que, para mim,
A vida seria eterna.
E, contudo, em Cruz das Almas,
A vil matéria brilhou
E fez com que me iludisse
E na pobreza caísse
Num tal de Cascalho Rico.
Entrei assim, pés descalços,
Em São José do Calçado,
Como perdi a visão
Em Alto da Boa Vista.
Em Bom Jesus dos Perdões,
Executei a vingança
De fixar residência
Junto a Desterro do Melo,
Que, não sendo meu parente,
Segurou-me em Vai-Volta,
Bem como em Varre-Sai,
Onde, de birra, fiquei,
Sem quase nada varrer,
E plantei flores estranhas
Lá em Jardim de Piranhas.
Mas a descrença me valha
Em Santa Fé do Araguaia,
Para que eu possa, então,
Elevar-me em Fundão
E afundar-me, num salto,
Em Barão de Monte Alto,
Para que a morte me encontre,
Morando em Natividade,
Rindo feliz e sem medo,
Em Dores do Rio Preto,
Cercado de multidão
Na cidade Solidão.
Imagem em inclusive.org.br. |
Beleza de poema. Mas pode me informar onde fica este tal Jardim das Piranhas? Deve ser um lugar maravilhoso.
ResponderExcluirAh, se os nomes fossem deveras o que evocam! Seria o próprio César em Vitória da Conquista. Seriam todos divinos os nascidos no Espírito Santo.
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