11 de novembro de 2013

ETZINHOS

Há um pequeno óvni prateado sobre a soleira da porta dos fundos.
O sol esturrica tudo. Até os meus miolos. O sangue corre em minhas veias com estrépito de corredeiras. Meu olhar dardeja.
Ainda há pouco, por entre as flores baças do jardim, vi diabinhos encarnados a fofar a terra com seus tridentes coruscantes. Eles me pareceram óbvios demais para infernizar qualquer coisa.
Um pouco depois, os etzinhos iridescentes, descidos da minúscula espaçonave tremeluzente, caçavam os diabinhos verdolengos, com suas armas de raios gama.
Fico sentado à varanda, tomando litros d'água e assistindo à cena, protegido por óculos escuros, até que a ressaca passe.
Aí os etzinhos esplendecentes entram no pequenino disco voador dourado, levando reféns cerca de treze diabinhos púrpuras, que servirão de escravos em seu planeta minguante.
O restinho dos eflúvios do álcool no meu sangue ainda traça a língua flamejante expelida pelo motor iônico da pequenina nave espacial alvinitente, que desaparece por entre as nuvens escuras do meu cérebro conturbado.
Por essa hora, já pelas cinco da tarde, o sol laranja quase morto, durmo profundamente sobre a espreguiçadeira de cana-da-índia, aliviado da combinação estapafúrdia de cachaça com vinho tinto da madrugada anterior.

Quando acordar, espero ver apenas as cores fundamentais do espectro solar.

Imagem em galeria.colorir.com.

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