Há um pequeno óvni
prateado sobre a soleira da porta dos fundos.
O sol esturrica tudo.
Até os meus miolos. O sangue corre em minhas veias com estrépito de corredeiras. Meu
olhar dardeja.
Ainda há pouco, por
entre as flores baças do jardim, vi diabinhos encarnados a fofar a terra com seus
tridentes coruscantes. Eles me pareceram óbvios demais para infernizar qualquer
coisa.
Um pouco depois, os
etzinhos iridescentes, descidos da minúscula espaçonave tremeluzente, caçavam
os diabinhos verdolengos, com suas armas de raios gama.
Fico sentado à
varanda, tomando litros d'água e assistindo à cena, protegido por óculos
escuros, até que a ressaca passe.
Aí os etzinhos esplendecentes
entram no pequenino disco voador dourado, levando reféns cerca de treze
diabinhos púrpuras, que servirão de escravos em seu planeta minguante.
O restinho dos
eflúvios do álcool no meu sangue ainda traça a língua flamejante expelida pelo
motor iônico da pequenina nave espacial alvinitente, que desaparece por entre
as nuvens escuras do meu cérebro conturbado.
Por essa hora, já
pelas cinco da tarde, o sol laranja quase morto, durmo profundamente sobre a
espreguiçadeira de cana-da-índia, aliviado da combinação estapafúrdia de
cachaça com vinho tinto da madrugada anterior.
Quando acordar, espero
ver apenas as cores fundamentais do espectro solar.
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