29 de outubro de 2013

LIBERDADE REVISITADA


deste morro tão baixo é que te vejo pequena
liberdade
e conto sem dificuldades tuas lâmpadas pelas ruas
pontilhando tua pouca iluminação
ainda agora ampliada pela do morro da caixa-d'água.
tudo em volta é o que sobra da escuridão dos pastos
e da pouca lavoura que restou para teus filhos
que não enchem mais tuas ruas acanhadas
nos finais de semana como outrora.
há noites e noites em tua história sem fulgor
ó liberdade
e os dias se sucedem mostrando o teu vazio de agora.
nem tua festa anual é tão cheia
quanto os corações encantados dos teus filhos.
nem tua preguiça rotineira é tão devagar
quanto o tempo que não corre em nossa memória.
tuas casas ainda continuam olhando os passantes
sem querer retê-los indefinidamente.
é que de teu calçamento sobreleva alguma pressa
trazida pela estrada de asfalto
a comprovar tua ligação com o mundo exterior.
mas fora de ti
doce liberdade
a vida é um compromisso feito apenas de frio e dor.

(PS: Liberdade era o antigo nome da vila onde nasci, Carabuçu.)

Van Gogh, detalhe de Noite estrelada (em viagem.uol.com.br).


Um comentário:

  1. Há um jeito especial (claro, poético!)de unir o significado de liberdade com o nome da vila, hoje Carabuçu. Bravo, mestre!

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